Ettore Napoleone, Antonella Lavalle, Cristiana Scasserra e Moreno Ricci
Introdução: Apesar das campanhas da AIFA (Agência Italiana de Medicamentos), o consumo e a inadequação da prescrição de antibióticos pediátricos estão a crescer (dados OsMed de 2013 a 2015) com um aumento tanto nas reações adversas como na resistência bacteriana . 70/80% das infeções do trato respiratório (0-3 anos) são devidas a uma infeção viral e não bacteriana.
A partir daqui está previsto um estudo que proporcione, por um lado, intervenções de formação para Pediatras de Família (PF) e informação às famílias sobre o uso correcto de antibióticos e possíveis doenças iatrogénicas causadas pelo seu uso indevido, e por outro, que formou um levantamento territorial visando a relação risco-benefício.
Materiais e métodos: O estudo realizado por 37 Pediatras de Família (FPs) em Molise é constituído por três fases: 1) na primeira fase (ano retrospetivo 2013) avaliámos a prevalência de prescrições de antibióticos na faixa etária dos 0 aos 2 anos, do tipo do antibiótico utilizado e de eventuais RAM; 2) a segunda fase (2014) foi a de formação/informação aos PF e às famílias sobre a adequação e utilização adequada das prescrições; 3) na terceira fase (ano 2015) foi reavaliada a Prevalência das prescrições e o tipo de antibiótico utilizado e as possíveis RAM (após a fase de treino).
Resultados: O estudo demonstrou, numa primeira fase (2013), que a prevalência de antibióticos prescritos por 37 FP dos 0 aos 2 anos (4060 crianças), foi de 83% (número de crianças com pelo menos uma prescrição: 3339) com um número de prescrições de 7.114 (número de artigos prescritos: 8.367). Após a formação, o ano de 2015 detetou uma prevalência de 56% (número de crianças 4116. número de crianças tratadas 2327) com uma diminuição significativa (-27%) em comparação com 83% em 2013. Além disso houve uma redução de 2938 prescrições ( número de prescrições 4.176) e uma redução de 2.975 artigos prescritos (número de artigos prescritos 5.392) com uma poupança de 18.854,23€ (60.950,15 EUR em 2013 e 42.095,92 EUR em 2015). Por fim, verificou-se também uma melhoria na adequação das prescrições segundo as Guidelines: Amoxicilina (38%), seguida de Amoxi/clavulanato (29,3%), Macrolídeos (16,3%) e Cefalosporinas (15,2%). Não ocorreram RAM nos dois anos de referência.
Conclusão: Os dados mostraram uma redução acentuada na prevalência de antibióticos prescritos, uma redução nos custos de cuidados de saúde e uma melhoria na adequação prescritiva após cursos de formação para os PF e informação contínua às famílias sobre o uso adequado e sobre RAMs relacionadas com o abuso de antibióticos nesta faixa etária.