Gisele Marques Alvarenga, Elane Barboza da Silva, Márcia Elaine Braga de Menezes, Rafael Perseguini Del Sarto e Aline Maria Araújo Martins
Uma vez que Dailey et al. descreveram pela primeira vez a possível correlação entre a inflamação causada por doenças autoimunes e o cancro da tiroide em 1955, a maioria dos eventos que envolvem estas duas condições não foram claramente elucidados, e esta associação é ainda muito controversa na literatura. A inflamação crónica predispõe o organismo a reações de proliferação celular, secreção de citocinas e outros fenómenos que influenciam os rearranjos e mutações nas células foliculares da tiroide. Assim, é possível que nos fenótipos autoimunes da tiroide ocorram as mesmas forças mecanísticas, principalmente pela semelhança de eventos moleculares que afetam ambas as doenças. A grande quantidade de substâncias pró-inflamatórias segregadas no meio tiroideu numa condição autoimune crónica e o desequilíbrio entre os efetores anti e pró-apoptóticos resultam na transformação das células tiroideias, reduzindo a síntese das hormonas tiroideias. Os principais eventos importantes em relação ao momento da inflamação crónica são aqueles que impulsionam a carcinogénese do PTC e a sua desregulação da via de sinalização MAPK, causando rearranjos de RET/PTC, TRKA e pontos de mutação em RAS e BRAF. Nesta revisão, destacamos os eventos moleculares mais relevantes nas doenças da tiroide, dando especial atenção aos mecanismos que impulsionam os protagonistas moleculares.