Yamba Carla Lara Pereira, João Paulo Mardegan Issa, Evandro Watanabe, Glauce Crivelaro Nascimento, Mamie Mizusaki Iyomasa, José Orestes Del Ciampo e Edilson Ervolino4
Própolis é uma substância resinosa obtida por abelhas, cujas propriedades antibacterianas, anti-inflamatórias, antivirais, antifúngicas, imunoestimulantes e anestésicas locais cicatrizantes têm sido consideradas para a prática clínica. Em particular, sua característica anti-inflamatória e antibacteriana parece ser um novo alvo para processos infecciosos de origem dentária. Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial antibacteriano da própolis contra uma endotoxina bacteriana em alvéolos dentais. Primeiramente, algumas propriedades do extrato de própolis verde foram analisadas (in vitro): 1) perfil físico-químico 2) Concentração Inibitória Mínima (CIM) contra endotoxina de Escherichia coli Gram negativa e 3) sua atividade imunorreguladora em leucócitos do baço de ratos. Então, um processo inflamatório foi induzido em ratos por uma contaminação com lipopolissacarídeo (LPS) que é reconhecido como uma endotoxina. Para tanto, ratos foram submetidos a extrações dos primeiros molares maxilares, direito e esquerdo, que imediatamente tiveram o alvéolo dentário direito contaminado com 0,1L de LPS (100 μg/kg). Após 14 dias da exodontia, esses indivíduos foram divididos em grupos tratados com Extrato de Própolis Puro (EPP) e grupos sem terapia. O osso alveolar contaminado ou a mesma área de animais sem inflamação induzida foram removidos para processamento histológico e imuno-histoquímico. Nossos dados revelam uma importante ação terapêutica da própolis verde. Testes in vitro indicaram baixa citotoxicidade para esse composto. Por meio de uma análise de hematoxilina e eosina, o grupo infectado e tratado com própolis apresentou os alvéolos com mais tecido ósseo novo, caracterizado por trabéculas ósseas circundando pequenas cavidades preenchidas por um tecido conjuntivo frouxo contendo vasos sanguíneos. Adicionalmente, um marcador histoquímico de osteoclastos, a fosfatase ácida resistente a tartarato (TRAP), foi utilizado para determinar a taxa de formação de osso novo. A própolis induziu mais formação de TRAP em osso alveolar infectado por LPS. Nossas descobertas destacam o potencial da própolis para ser aplicada em material odontológico.