Kalia Nikolaou
No contexto deste estudo qualitativo, foram investigadas as relações entre os toxicodependentes de heroína e os pais, tendo em conta a trajetória desde a adolescência até à idade adulta, incluindo os períodos ativos de abuso de substâncias e ensaio clínico de reabilitação. O objetivo deste estudo foi identificar processos comunicacionais problemáticos na relação entre pais e toxicodependentes de heroína que contribuem para a iniciação e manutenção da dependência. O estudo foi realizado com a participação de membros dependentes da Unidade Social do Centro de Reabilitação “Ianos” que pertence ao Hospital Psiquiátrico de Salónica. Neste estudo qualitativo, foram recebidas catorze entrevistas semiestruturadas (um a um) por homens dependentes de heroína com idades compreendidas entre os 30 e os 45 anos. Os resultados da investigação qualitativa destacam uma interação diádica disfuncional entre pais e dependentes de heroína que afeta negativamente as práticas parentais, o subsequente desenvolvimento psicológico e emocional do dependente e o seu direcionamento para a dependência. Este estudo constatou que a maioria destas famílias apresenta padrões comunicacionais restritos com dilemas de duplo vínculo, traumas de triangulação, bem como características de rigidez e co-dependência. Contudo, o toxicodependente devido a défices sociais e psicoemocionais crónicos hesita em separar-se da família, agravando as dificuldades comunicacionais, sociais e económicas num círculo familiar vicioso. Considerando o contexto da terapia, os resultados do estudo recomendam que a terapia familiar parece promissora como tratamento substancial para o dependente e a sua família como sistema. Toda a família necessita de participar na terapia, ser reestruturada e mais flexível para apoiar o processo de reabilitação e prevenir a recaída do toxicodependente de heroína.