Cruz S. Sebastião, Alice Teixeira, Ana Luísa, Margarete Arrais, Chissengo Tchonhi, Adis Cogle, Euclides Sacomboio, Bruno Cardoso, Joana Morais, Jocelyne Neto de Vasconcelos, Miguel Brito
Justificação e objetivos: O SARS-CoV-2 é um problema de saúde pública em todo o mundo. A identificação de fatores biológicos que possam influenciar a transmissão e agravar a doença tem sido alvo de extensa investigação. Aqui, investigámos o impacto do grupo sanguíneo ABO/Rh na suscetibilidade e gravidade entre os doentes com COVID-19 em Luanda, Angola.
Materiais e métodos: Tratou-se de um estudo de coorte multicêntrico realizado com 101 doentes com COVID-19. Foram calculados o qui-quadrado e a regressão logística para verificar os fatores relacionados com o agravamento da doença e considerados significativos quando p<0,05.
Resultados: Os tipos sanguíneos O (51,5%) e Rh positivo (93,1%) foram os mais frequentes. Os doentes do tipo sanguíneo O apresentaram um risco elevado para doença grave [OR: 1,33 (IC 95%: 0,42-4,18), p=0,630] e hospitalização [OR: 2,59 (IC 95%: 0, 84-8,00), p=0,099] . Além disso, o tipo sanguíneo Rh positivo apresentou um risco elevado de doença grave (OR: 10,6, p=0,007) e de hospitalização (OR: 6,04, p=0,026).
Conclusão: Verificámos uma elevada suscetibilidade, gravidade, hospitalização e mortalidade, respetivamente, entre os doentes do grupo sanguíneo O e Rh positivo, enquanto o grupo sanguíneo AB apresentou baixa suscetibilidade, gravidade, hospitalização e mortalidade, respetivamente. As nossas descobertas vêm juntar-se ao conjunto de evidências que sugerem que os grupos sanguíneos ABO/Rh desempenham um papel importante no curso da infeção por SARS-CoV-2.