Ibrahim Audu Salisu, Chima E Onuekwe, Collins Owili
Enquadramento: As pessoas dos países em desenvolvimento e especialmente da África Subsariana suportam um enorme peso da pandemia do VIH/SIDA. A transmissão em adultos é maioritariamente heterossexual, tendo os homens um papel fundamental nesta dinâmica. Fazem-no devido a práticas e comportamentos sexuais de risco que são moldados pelas normas culturais. É provável que as intervenções comportamentais reduzam estas transmissões. O objectivo principal deste estudo é examinar as evidências da eficácia das intervenções comportamentais dirigidas aos homens para prevenir a transmissão heterossexual do VIH nos países em desenvolvimento.
Método: Realizamos uma revisão sistemática de estudos que avaliaram o efeito de intervenções comportamentais em países em desenvolvimento publicados de 1990 a 2011. Foram pesquisadas cinco bases de dados; Pub Med, MEDLINE, Cochrane, base de dados Trip, Eldis, linha Africa Health, CINAHL e AIDSLINE. Foram feitos contactos com a SFH (Nigéria) e a Aliança Internacional contra a SIDA em Brighton, Reino Unido e com a USAID (Nigéria). Os dados foram extraídos e foi feita uma síntese temática qualitativa para reunir as evidências, que foram apresentadas em formato narrativo.
Resultados: Resultaram da pesquisa cerca de 6.339 artigos. Foram revistos 501 títulos de resumos, 82 estudos foram examinados minuciosamente e 22 preencheram os critérios de inclusão. Todos os estudos que cumpriram os critérios de inclusão foram avaliados criticamente e revistos. Apenas foram encontrados 5 ECR, reflectindo a escassez de estudos rigorosos publicados em comparação com o fardo do VIH/SIDA nesta região. Outros estudos de avaliação não randomizados foram incluídos na análise. As intervenções multicomponentes produziram mudanças mais positivas nos resultados comportamentais. As intervenções com prazos de entrega curtos, dirigidas a homens experientes nos locais de trabalho, estiveram associadas a mudanças mais positivas. Os resultados comportamentais, como o conhecimento dos homens sobre o VIH, o uso do preservativo, a atitude em relação ao preservativo, os papéis de género/VBG, são mais fáceis de alterar do que a redução do número de parceiros sexuais/episódios de sexo desprotegido com CSW/outros parceiros. Muito poucos estudos avaliaram o impacto das intervenções nos resultados biológicos, embora também tenham reportado mudanças positivas. Existem apenas evidências limitadas que mostram que as intervenções em que os homens participaram no processo de avaliação são mais eficazes.
Conclusão: Embora a base de evidência seja limitada, as intervenções comportamentais podem prevenir a transmissão heterossexual do VIH pelos homens nos países em desenvolvimento. Apenas alguns estudos rigorosos avaliaram os impactos da intervenção nos resultados comportamentais, embora tenham reportado impactos positivos. Os decisores políticos e os programadores devem considerar os factores contextuais na concepção de novas intervenções. Os investigadores devem empregar métodos mais rigorosos na avaliação das intervenções para expandir o conjunto de evidências existente.