Laura Donato, Alessandro di Luca, Carla Vecchiotti e Luigi Cipolloni
O presente estudo examina um caso em que sinais de ferimentos incisos foram encontrados em restos esqueléticos de uma vítima de assassinato. Os autores estudaram os restos esqueléticos e a dinâmica do assassinato para reconstruir o tipo de arma utilizada. Os ossos examinados pertenciam a uma mulher que havia desaparecido por quase 10 anos e foram recuperados do jardim da casa pertencente ao seu antigo parceiro. A principal característica desses restos foi a descoberta de um dano em uma vértebra torácica (T1). Nosso exame tem o objetivo de aprimorar a análise macroscópica dos restos esqueléticos para deduzir informações sobre a classificação de danos específicos e a dinâmica que os causou e a identificação da arma que foi usada. Corpos altamente decompostos, como restos esqueléticos, com tecido biológico pobre ou ausente, desafiam o operador a classificar a natureza exata do dano e, em alguns casos, não permite atingir um nível significativo de certeza. Para resolver esta situação crítica, a Antropologia Forense pode contribuir muito, fornecendo uma grande quantidade de informações que não seriam decifradas de outra forma. O osso, principal objeto de estudo da Antropologia Forense, também pode registrar, como os tecidos moles, as características do padrão de dano. A oportunidade de extrapolar este tipo de dados permite analisar a dinâmica e a natureza do tipo de arma usada. Em certos casos, o osso inciso também apresenta características que permitem identificar a estrutura exata da arma: é claro, nem todo ferimento danifica o osso, mas quando isso realmente acontece, a aparência morfológica do instrumento utilizado permanece cristalizada no tempo, excluindo, é claro, os casos em que os ossos são destruídos. Muitos outros estudos, relativos à caracterização de lesões devido a objetos cortantes, foram feitos e uma revisão da literatura relacionada foi incluída neste artigo. O principal objetivo dos autores é destacar a importância das informações que podem ser extrapoladas: a utilidade da classificação das armas utilizadas para provocar a lesão, podendo levar a uma avaliação mais precisa, de modo a auxiliar significativamente em caso de avaliação forense.