Marco Antonio Valadares, Igor Neves Santos, Enaldo Vieira Melo, Ângela Maria da Silva, Priscila Teles Archanjo, Emilly Correia Nepomusceno, Roseane Lima Porto, Ricardo Queiroz Gurgel, Lucas Silva Brito e Maria Luiza Doria Almeida
Objectivo: Avaliar e comparar a sensibilidade da espirometria em filhos de mães asmáticas pelos parâmetros VEF1 e VEF0,75.
Métodos: Estudo observacional transversal analítico aninhado numa coorte de 4.757 grávidas. Foi realizada uma avaliação clínica para diagnóstico de asma, para além da realização de espirometria nos filhos de mães asmáticas, avaliando os seguintes parâmetros e relações: VEF1, CVF, VEF1/CVF, VEF0,75 e VEF0,75/CVF.
Resultados: Foram incluídos no estudo 86 filhos de mães asmáticas, com uma média de idades de 79,8 ± 1,1 meses. Quanto ao padrão respiratório houve um predomínio da normalidade. Quando se utilizou o VEF1 foram observadas alterações em 26 crianças, representando 30,3% da amostra. Destes, 17 foram classificados como restritivos e nove como obstrutivos. Utilizando o VEF0,75 em vez do VEF1 (e o seu consequente VEF0,75/CVF) foram alterados 29 testes ventilatórios encontrados, representando 33,7%. Destes, 27 foram classificados como obstrutivos e apenas dois foram restritivos. Das 16 crianças com diagnóstico de asma, apenas cinco apresentavam um padrão obstrutivo quando foi utilizada a espirometria de personalização do VEF1. Em contraste, quando utilizámos o VEF0,75, 12 destes doentes foram considerados obstrutivos. A sensibilidade foi superior no teste espirométrico que utilizou o VEF0,75, com um valor preditivo negativo ainda mais elevado. Por outro lado, o conjunto de testes para o parâmetro VEF1 apresentou maior especificidade e maior valor preditivo positivo.
Conclusões: A espirometria, embora com reconhecido valor no diagnóstico complementar das perturbações obstrutivas, apresenta classicamente limitações na população pediátrica, sobretudo nas crianças mais novas. Observámos sensibilidade e valor preditivo negativo significativamente mais elevados quando utilizámos o VEF0,75 em substituição do VEF1. Como consequência, o parâmetro VEF0,75 é provavelmente mais eficaz para o diagnóstico de perturbação obstrutiva em doentes com história clínica ou familiar de asma.