Marina Moraes Mourão* e Sandra Grossi Gava
Apesar do sucesso notável da aplicação de RNA interferente (RNAi) no nematoide de vida livre Caenorhabditis elegans, a exploração desta poderosa técnica para helmintos parasitas com ciclo de vida complexo tem sido um desafio para parasitologistas. Ela provou ser eficaz apenas para certas espécies de parasitas e genes alvo específicos. Até o momento, o RNAi é a única metodologia disponível para genética reversa em trematódeos e combinados para resgatar estudos (como complementação heteróloga) têm sido a única alternativa para manipulação genética em nematoides e helmintos parasitas, portanto, este assunto é de grande interesse para a comunidade científica envolvida no campo.
A técnica de RNAi é amplamente utilizada para avaliar a função genética em helmintos parasitas, a fim de elucidar seu papel no desenvolvimento do parasita, mecanismos de resistência a medicamentos e validar alvos terapêuticos para controle de doenças.
Após quinze anos do primeiro relato de RNAi em helmintos parasitas, muitos avanços foram alcançados, mas armadilhas permanecem como desafios na manipulação da expressão gênica nestes organismos. Além das particularidades metodológicas da técnica de RNAi para cada grupo de helmintos, ainda existem outras razões por trás do lento progresso do RNAi nesses parasitas, como; a falta de homologia entre genes relacionados ao parasitismo e genes de organismos modelo e o complexo ciclo de vida desses organismos, o que resulta em dificuldades para o cultivo in vitro.
Neste ponto, uma ampla variedade de abordagens para “entrega” de RNA fita dupla foi proposta. Assim, estudos mais aprofundados sobre aspectos fundamentais da metodologia de RNAi em helmintos parasitas, como off-target e o uso de controles, podem ser úteis para determinar a razão das variações entre e dentro das espécies, facilitando o delineamento experimental e o uso de RNAi no estudo e erradicação de parasitas helmintos.