Abstrato

Ascite refratária na cirrose: prevalência e fatores preditivos

Rym Ennaifer, Nour Elleuch, Hayfa Romdhane, Rania Hefaiedh, Myriam Cheikh, Sonda Chaabouni, Houda Ben Nejma e Najet Bel Hadj

Introdução: A descompensação ascítica é uma complicação importante comum da cirrose e está associada a um mau resultado. Em 5-10% dos doentes, a ascite torna-se resistente ao tratamento (ou não responde a doses elevadas de diuréticos ou porque estes medicamentos induzem complicações), o que se designa por Ascite Refratária (AR). A AR está associada a baixa sobrevivência: 20-50% ao fim de 1 ano. Têm sido propostos diferentes tratamentos, no entanto, apenas o transplante hepático pode melhorar a sobrevivência.

Os objetivos deste estudo foram determinar a prevalência e os preditores do desenvolvimento de AR em doentes com cirrose.

Métodos: Estudo retrospetivo incluindo doentes cirróticos consecutivos admitidos para controlo de ascite entre janeiro de 2010 e abril de 2013. Foram estudados os doentes e as características da cirrose. O desenvolvimento de AR durante o seguimento foi investigado. Foram avaliados os fatores preditivos para o desenvolvimento de AR.

Resultados: Foram incluídos 124 doentes cirróticos: 59 mulheres (47,6%) e 65 homens (52,4%) com uma média de idades de 58 anos. A ascite foi de grau 3 em 38,5% e foi o primeiro episódio em 45,1% dos doentes. A etiologia da cirrose foi sobretudo viral (57,3%). O score de Child-Pugh foi de B em 39,5% e de C em 28,2%. A média do score MELD foi de 16 (6-40). Durante o seguimento, 27 doentes desenvolveram AR, o que significa uma prevalência de 21,8%. O tipo de AR foi diurético intratável em todos os casos. Os fatores preditivos do desenvolvimento de AR na análise univariada foram: ascite de grau 3 (OR=4,17; p=0,004), score C de Child-Pugh (OR=3,9; p=0,02), score MELD ≥ 15 (OR=4,99; p=< 0,001), score MELD/Na >16 (OR=4,13; p=0,005), peritonite bacteriana espontânea no primeiro internamento (OR= 8,14; p=0,002), tempo de protrombina ≤ 64,5% (OR=3,36; p= 0,013) e débito urinário de sódio ≤ 42 mmol/24 h (OR=5,13; p=0,03). Na análise multivariada, apenas o débito urinário de sódio foi um fator preditivo independente do desenvolvimento de AR (OR= 4,74; p=0,015).

Conclusão: No presente estudo, a prevalência de AR foi de 21,8%. O débito urinário de sódio no primeiro internamento para controlo da ascite poderá permitir a identificação precoce dos doentes que irão desenvolver AR.

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