Ibishi FN, Musliu RN
Introdução : A Sra. Bela era uma mulher albanesa de 47 anos, natural do Kosovo, colocada em prisão preventiva por causa de um crime de homicídio qualificado. Matou o marido e este é o seu primeiro crime. Foi conduzida ao Serviço de Psiquiatria Forense, Clínica Psiquiátrica, para exame psiquiátrico e avaliação da capacidade mental no momento da prática do crime de que é acusada e competência para acompanhar o julgamento principal. O seu pensamento preocupava-se com o acontecimento, manifesta os fenómenos de revivência traumática do acontecimento e ‘flash back’, com funções cognitivas retidas.
Após o sucedido, D. Bela prestou ainda informações sobre os abusos sexuais a que foi sujeita durante anos por parte da vítima, sendo obrigada a praticar atos sexuais anais e orais, sob pressão e violência física. O exame forense encontrou hematomas de algumas semanas em todo o corpo com lesões ulcerosas em ambos os lados das nádegas e região do abdómen, face e costas. O exame ginecológico constatou hemorragia recente na região interna anal e vaginal. A capacidade do seu estado mental no momento da prática do crime foi reduzida. Estava apta para participar no julgamento principal.
Discussão : A vitimização das mulheres é um factor frequente do comportamento criminoso, mesmo nos casos em que tiveram um passado tranquilo relativamente normal e um desenvolvimento psicológico sem traumas desde a primeira infância ou adolescência.
Conclusão : A apresentação deste estudo de caso mostra o impacto direto da vitimização em atos criminosos no caso de ausência de maus-tratos anteriores na infância ou desenvolvimento anormal, e lança luz sobre a possível ligação entre vários e múltiplos traumas psicológicos anteriores a atos criminosos entre mulheres, e tem também o potencial de informar o debate sobre a natureza de género dos percursos criminais das mulheres.