Avanços em Farmacoepidemiologia e Segurança de Medicamentos

Abstrato

Padrões de prescrição de agentes hipolipemiantes na comunidade – análise de dados de cuidados primários

Alves Tiago Rafael, Costa-Pereira Altamiro, Azevedo Luís Filipe

Objectivo: Este estudo teve como objectivo analisar os padrões de prescrição de agentes hipolipemiantes na comunidade utilizando dados de prescrição de cuidados primários.
Métodos: Os dados sobre as prescrições de medicamentos foram obtidos a partir do sistema de informação de apoio à prática médica nas Unidades de Cuidados Básicos do Norte de Portugal durante os anos de 2006 e 2007. Foi utilizada a metodologia ATC/DDD e realizada a análise geográfica. Os rácios de prescrição padronizados foram calculados para ter medidas de prescrição padronizadas por idade e sexo nas diferentes regiões do norte de Portugal.
Resultados: Foram analisadas 22 milhões de prescrições electrónicas de medicamentos e 1,2 milhões de prescrições de hipolipemiantes, correspondendo a 139 milhões de DDD’s prescritos. As taxas de prescrição aumentaram com a idade entre homens e mulheres, atingindo um pico na faixa etária dos 70-74 anos. As estatinas foram claramente os agentes hipolipemiantes mais prescritos , sendo a sinvastatina o líder do grupo. Verificou-se um padrão geográfico distinto de prescrição, com tendência para as regiões costeiras terem taxas de prescrição mais baixas do que as regiões interiores. É descrita uma grande heterogeneidade entre regiões geográficas em relação às taxas de prescrição. Conclusão: As bases de dados automatizadas de prescrição eletrónica são uma ferramenta importante para apoiar os estudos de utilização de medicamentos, embora devam ser desenvolvidas estratégias para aumentar a adesão dos prescritores aos sistemas de prescrição eletrónica. As taxas de prescrição de medicamentos hipolipemiantes aumentaram das regiões costeiras para as regiões interiores e observou-se uma grande variação entre as diferentes regiões. Uma heterogeneidade tão elevada chama a nossa atenção para a necessidade de políticas e recomendações nacionais normalizadas que tentem garantir melhor a qualidade da prescrição e os objectivos clínicos.