Diallo B*, Konate I, Andonaba JB, Sangaré I, Konsegree V, Traoré/Dolo M e Bamba S
Casos esporádicos de oncocercose continuam a registar-se após campanhas intensivas sob a égide do Programa de Controlo da Oncocerquíase (OCP) que levaram ao controlo da doença no Burkina Faso desde 2010. Faz agora parte das doenças tropicais negligenciadas (NTDS). Relatamos 3 casos recentes confirmados no Hospital Universitário de Bobo-Dioulasso, que são preocupantes neste contexto. Eram dois homens e uma mulher, todos provenientes da zona oeste do Burkina Faso, fronteira com a Costa do Marfim e o Gana, e têm estadias intermitentes num lado e no outro das duas fronteiras. O motivo da consulta foi prurido crónico evoluindo há 2 a 4 anos. O exame constatou lesões dermatológicas que combinavam de forma variável nódulos indolores e móveis localizados nos trocânteres e assentos torácicos, leucomelanodermia das pernas ou lesões polimorfas de prurigo crónico, sem nódulos. O diagnóstico de oncoceríase foi confirmado pela presença de hipereosinofilia sanguínea, presença de muitas micofilarias Onchocerca volvulus no suco dérmico e muitos vermes adultos na histologia. Dado que a Oncocercose se tornou bastante rara na prática quotidiana, o registo de 3 casos hospitalares recolhidos em 8 meses é preocupante porque o vector e o parasita ainda estão presentes nas áreas afectadas, com uma possível transmissão. Assim, é de temer um novo surto, sobretudo com a mobilidade populacional interna e transfronteiriça.