Patricia Constantino de Tella, Luis Rohde, Guilherme Polanczyk, Eurípedes Miguel, Sandra Grisi, Bacy Fleitlich-Bilyk e Alexandre Ferraro
Enquadramento: As primeiras experiências de vida têm consequências importantes na saúde e no capital humano ao longo da vida. O desenvolvimento é o resultado da interação entre as características biológicas da criança e os fatores culturais e sociais em que está inserida. Os fatores biológicos que causam atraso no desenvolvimento associados a fatores ambientais aumentam a hipótese de o bebé ter um desenvolvimento inadequado. Isto mostra a importância de estudos que avaliem os fatores relacionados com o desenvolvimento infantil. Objectivo: O objectivo foi caracterizar o desenvolvimento neurológico das crianças dos 6 aos 8 meses através da escala de Bayley numa amostra de base populacional, estimar a prevalência de atraso e identificar factores de risco psicossociais e ambientais. Método: Estudo epidemiológico longitudinal de coorte de nascimentos num grupo de 368 bebés e suas mães. Foram considerados dois momentos de avaliação: a) no início do terceiro trimestre de gestação e b) quando os bebés tinham 6-8 meses de idade. O estudo tem como objetivo examinar o desenvolvimento neurológico das crianças consideradas para o estudo através da escala Bayley, estimar a prevalência de atraso numa amostra de base populacional e, por fim, identificar fatores de risco psicossociais e ambientais maternos. Resultados: Indicaram que os factores de stress materno (i.e., ansiedade e perturbação de substâncias durante a gravidez, menor escolaridade materna e classe económica) estavam associados a um menor desenvolvimento cognitivo nos bebés. Conclusão: Este estudo mostra a importância do rastreio para identificar possíveis atrasos no desenvolvimento, para posteriores programas de intervenção que previnam ou minimizem riscos futuros e permitam à criança desenvolver todo o seu potencial.