Thaís Mendes-Lopes, José Dirceu Ribeiro e Maria Aparecida Mezzacappa
Introdução: Observa-se uma alta frequência de tratamento para doença do refluxo gastroesofágico em neonatos com Displasia Broncopulmonar (DBP). A associação entre essas doenças é controversa. Objetivo: Determinar a prevalência de índice de refluxo ≥ 10%, em recém-nascidos de muito baixo peso, portadores ou não de DBP, por meio da pHmetria esofágica.
Métodos: Foi realizado um estudo transversal prospectivo. Trinta e cinco recém-nascidos portadores de DBP e 15 recém-nascidos sem DBP foram submetidos à pHmetria esofágica distal durante a internação em unidade neonatal de hospital universitário. Foi estudada a frequência dos sintomas e o tratamento do refluxo gastroesofágico em ambos os grupos.
Resultados: A prevalência de índice de refluxo ≥ 10% não diferiu entre os grupos portadores (65,7%) e não portadores (93,3%); p=0,075. Sintomas atribuíveis ao refluxo gastroesofágico ocorreram em 91,4% dos recém-nascidos com DBP e em 73,3% do grupo sem DBP. O tratamento antirrefluxo foi introduzido em 80% dos indivíduos com DBP e em 20% dos pacientes sem DBP; (p<0,001).
Conclusões : Há alta prevalência de aumento da exposição da mucosa esofágica ao ácido em recém-nascidos de muito baixo peso, com ou sem DBP. Os sintomas atribuíveis ao refluxo gastroesofágico são frequentes em ambos os grupos; entretanto, em recém-nascidos de muito baixo peso, sem DBP, a evolução clínica complicada pelo refluxo gastroesofágico é menos frequente. Apesar disso, a DBP está associada a maior frequência de tratamento do refluxo gastroesofágico, a indicação de qualquer modalidade terapêutica deve ser cautelosa, e a investigação laboratorial associada à avaliação clínica pode contribuir para a redução do número de tratamentos desnecessários.