Gonçalves AM, Vieira A, Vilaça A, Gonçalves MM, Meneses R
Hoje em dia, as tecnologias médicas inovadoras quase mascaram a morte, embora não estejam isentas de preocupações éticas. Em relação às decisões de fim de vida, as publicações demonstram que os médicos não pretendem para si aquilo que praticam com os doentes.
O nosso objetivo foi avaliar as perspetivas dos profissionais de saúde sobre as suas próprias decisões de fim de vida, perguntando-lhes “Em caso de doença oncológica avançada, prefere terapia de resgate ou de conforto?” e “Em caso de doença crónica avançada, prefere internamento em Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) ou cuidados paliativos?”.
A amostra incluiu 57% médicos. 80% de todos os participantes escolheram a terapia de conforto e 84% escolheram os cuidados paliativos. Os enfermeiros escolheram com maior frequência a terapia de conforto e os cuidados paliativos do que os médicos (p<0,05); tanto os médicos como os enfermeiros das áreas cirúrgicas preferiram a terapêutica de resgate e o internamento em UCI (p<0,05); mais de metade dos pediatras responderam a terapêutica de resgate e internamento em UCI, esta tendência foi também observada nos médicos e cirurgiões oncologistas/cuidados paliativos, com uma diferença estatística (p<0,05) em comparação com os restantes médicos; pelo contrário, 90% dos médicos de Urgência e Medicina Intensiva responderam a terapêutica de conforto e cuidados paliativos (p<0,05).
A comunicação com os doentes e familiares deve ser mais eficaz, fazendo-os compreender que a decisão clínica adequada é a mais eticamente correta. A morte não é algo a evitar a todo o custo, mas sim um momento do ciclo de vida. Estas questões devem ser discutidas previamente, antecipando a possível necessidade de internamento em UCI, terapêutica de resgate ou estabelecimento de limites e paragens suaves.