Geoffrey T Desmoulin1
Enquadramento: Vários casos de neuropatia por algema foram relatados na literatura. Especificamente, quando as algemas permanecem presas aos pulsos durante um período prolongado, existe o risco de a função do nervo radial superficial ficar comprometida. Embora também tenham sido relatados casos de lesão dos nervos mediano e ulnar, são muito menos frequentes e geralmente acompanhados de lesão do nervo radial superficial.
Métodos: A nossa hipótese é que a pressão aplicada ao nervo radial superficial por algemas apertadas poderia facilmente exceder os limites de lesão nervosa. Para testar a nossa hipótese, criámos um modelo físico do punho e do nervo radial superficial que nos permitiu medir a pressão aplicada por algemas apertadas. Testámos dois modelos de algemas e comparámos as pressões medidas com pressões conhecidas por produzirem perda de função do nervo tibial de rato, um nervo que tem um diâmetro semelhante ao nervo radial superficial humano.
Resultados: Verificámos que níveis relativamente baixos de força aplicados por algemas apertadas podem produzir pressões que excedem os limites de lesão nervosa se forem sustentadas por períodos de tempo suficientemente longos.
Interpretação: Os nossos resultados sugerem que os agentes responsáveis pela aplicação da lei devem tomar precauções, ao apertar as algemas, para garantir que a força produzida pelas algemas apertadas se mantém abaixo dos limites de lesão nervosa, que o mecanismo de bloqueio duplo está acionado e que os reclusos sejam informados de que os movimentos que aumentam a força aplicada ao nervo radial superficial, mesmo que periodicamente, podem aumentar o risco de lesão nervosa.