Terezinha Morato Bastos de Almeida, Regina Maria Cubero Leitão, Maísa Yoshimoto, Joyce Anderson Duffles Andrade, Willy Beçak, Flair José Carrilho e Shigueko Sonohara
A alteração do gene c-MYC já foi demonstrada em doenças hepáticas crónicas, que incluem o carcinoma hepatocelular (CHC). A formação espontânea de hepatócitos micronucleados (MN-Heps) em tecido de cirrose hepática (CL) de doentes infetados pelo vírus da hepatite C (HCV) foi previamente reportada. O objetivo deste estudo foi investigar se a sequência do gene c-MYC é perdida pelo MN-Heps no processo cirrótico com ou sem CHC. Para este efeito, a presença do gene c-MYC em MN-Heps foi investigada por hibridização fluorescente in situ em tecido hepático embebido em parafina. Cinco amostras de fígado de controlo de dadores de órgãos saudáveis foram incluídas neste estudo. Foram detectadas cópias aumentadas do gene c-MYC em 48-66% dos MN-Heps nos nódulos cirróticos de todos os casos, mas não nas células hepáticas controlo. Além disso, o ganho do número de cópias do gene c-MYC foi detetado em 28% dos hepatócitos de nódulos regenerativos e macrorregenerativos (RNs, MRNs). O aumento foi também determinado em 46% das células tumorais. Não foi observada qualquer diferença significativa na extrusão do gene c-MYC pelos hepatócitos RN ou MRN. Concluímos que os RN e os MRN apresentam uma anomalia citogenética em relação ao gene c-MYC . A sua extrusão no MN-Heps parece ser um evento precoce nas lesões cirróticas regenerativas. O aumento de cópias do gene c-MYC nos CL de doentes infectados pelo VHC pode contribuir para o desenvolvimento de CHC.