Tamura BP, Almeida DC, Felizardo RJ, Olanda GC, Bocca LF, Pinhal NS, Alves-de-Moraes LBC, Covolan L, Câmara NOS e Longo BM
Um número considerável de doentes epilépticos tornou-se resistente aos medicamentos antiepiléticos, justificando a necessidade do desenvolvimento de novas estratégias terapêuticas para o tratamento da epilepsia. A utilização de células estaminais mesenquimais é uma estratégia inovadora e acessível para o tratamento de doenças neuronais, devido ao seu envolvimento em mecanismos imunorreguladores, ação trófica e antiapoptótica. Objectivo: Com base nestas evidências, avaliámos o efeito protector das células mesenquimais do tecido adiposo (MCAT) através de respostas comportamentais e inflamatórias contra crises convulsivas induzidas por choque electroconvulsivo máximo (MES). Métodos: As células MCAT foram transplantadas para o hipocampo de ratinhos machos adultos, e dez dias após o transplante foi aplicada estimulação MES para induzir uma convulsão tónico-clónica generalizada. Para avaliar a atividade anticonvulsivante das células MCAT, avaliámos os parâmetros envolvidos com: proteção e redução da duração da fase tónica, redução da taxa de mortalidade e alteração da expressão génica hipocampal de IL-1beta, IL-6, IL-4, IL- 10, caspase-1, iNOS e TNFα. Resultados: As células MCAT transplantadas para o hipocampo alteraram o limiar convulsivo, apresentaram efeito anticonvulsivante protegendo contra convulsões tónicas e mortalidade e reduziram a expressão hipocampal de transcritos relacionados com a resposta inflamatória como a IL-1beta, IL-6, caspase-1 e iNOS e aumentaram a nível de interleucina anti-inflamatória IL-4. Conclusão: Os efeitos anticonvulsivantes das células MCAT nas crises convulsivas agudas podem estar relacionados com fatores inibitórios e mecanismos imunomoduladores atribuídos às células mesenquimais do hipocampo. Estes mecanismos anticonvulsivantes das células MCAT têm fortes implicações terapêuticas para o controlo das crises epilépticas.