Aletheia Peters Bajotto e José Roberto Goldim
Alguns idosos de uma pequena comunidade do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, foram vítimas de comportamentos fraudulentos por parte de um grupo de criminosos. Aconteceu pouco antes do desenvolvimento de um projeto de investigação que avaliou a qualidade de vida e a capacidade de decisão. Tal crime representou um trauma significativo para as vítimas e, como consequência, os participantes da investigação recusaram-se a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Este caso serve de pano de fundo para sustentar a distinção – por vezes confundida na literatura – de questões emergentes no campo da bioética: ´autonomia` e ´autodeterminação`. Ironicamente, embora tivessem autonomia para decidir participar na investigação, na verdade não estavam totalmente preparados para exercer a sua autodeterminação, uma vez que não conseguiram assinar um documento que fundamentasse a sua escolha. Além disso, chama a atenção para as dificuldades de obtenção de dados científicos de populações vulneráveis.