David J. Edwards
As interações medicamentosas farmacocinéticas são comuns, especialmente em doentes idosos que tomam vários medicamentos, e são geralmente inesperadas, com consequências negativas para o doente. No entanto, há uma série de razões pelas quais os médicos podem querer empregar estrategicamente uma combinação de medicamentos para otimizar a resposta ao tratamento. Os inibidores do metabolismo dos medicamentos mediado pelo citocromo P450 no fígado e na parede intestinal podem melhorar a biodisponibilidade oral, reduzir a depuração e prolongar a semivida dos agentes terapêuticos coadministrados, como os imunossupressores e os inibidores da protease. Os potenciais benefícios incluem a dose diária reduzida e o custo da terapêutica, menor variabilidade nas concentrações plasmáticas e intervalos de dosagem mais longos para maior comodidade e adesão do doente. Os indutores do metabolismo, como a fenitoína ou a erva-de-são-joão, podem ser valiosos quando administrados com medicamentos cujos efeitos são mediados principalmente por metabolitos ativos. Finalmente, os inibidores da actividade das proteínas de transporte de fármacos, tais como a glicoproteína-p, podem ter um efeito semelhante aos inibidores do metabolismo dos fármacos nas propriedades farmacocinéticas dos fármacos co-administrados. Além disso, a absorção do medicamento pelas células ou tecidos cancerígenos, como o sistema nervoso central, pode ser aumentada desproporcionalmente, resultando num tratamento mais eficaz. Este artigo fornece uma visão geral da justificação teórica para as interações medicamentosas benéficas com exemplos específicos de interações que estão atualmente a ser utilizadas clinicamente ou em investigação ativa.