Isabel Pizarro Veas
Os efeitos não cancerígenos também afectam a saúde das pessoas devido à exposição ao arsénico. As doenças cardiovasculares têm sido bem documentadas, mas pouco se sabe sobre o arsénio nos tecidos cardiovasculares.
O objetivo deste trabalho foi estudar o estado do arsénio nos tecidos cardiovasculares de um grupo de doentes cardíacos expostos ao arsénio de Antofagasta Chile, em relação a um grupo de doentes sem exposição ao arsénio.
As concentrações totais de arsénio foram medidas em 215 pedaços de tecidos cardiovasculares do grupo de exposição ao arsénio e em 25 pedaços de tecidos do grupo de controlo. Foi pedido a cada paciente que preenchesse um questionário autoaplicável. As determinações de As totais foram realizadas através de HG – AAS, HG – AFS e ICP – MS, enquanto a análise de especiação foi feita por HPLC – ICP – MS.
Aurícula, veias safenas, artérias mamárias e amostras agrupadas de gordura do grupo exposto ao arsénio forneceram concentrações de arsénio dentro dos seguintes intervalos: 0,79 – 13,9; 0,28 – 13,6; 0,25 – 10,7; e 0,12 – 7,70 µg/g de peso seco, que foram superiores ao grupo controlo. O agrupamento das concentrações totais de arsénio com variáveis demográficas – variáveis de caso influenciadas por fatores de geologia médica e variáveis de caso condicional – permitiu inferir que as primeiras são mais importantes como discriminantes do risco cardiovascular da doença, e a especiação de arsénio revela que o principal “tecidos alvo de arsénio” eram as aurículas e as artérias mamárias. O conhecimento do arsénico total e da prevalência de As3+ no ouvido dos doentes do grupo de exposição ao arsénio, poderá contribuir para compreender o impacto do arsénico nas doenças cardiovasculares nos países onde o arsénico é um importante stressor ambiental.