Ana Spínola, Joana Guimarães, Marlene Santos, Catarina Lau, Maria dos Anjos Teixeira, Rosário Alves e Margarida Lima
Fundamento: Os sinais e sintomas clínicos observados nos doentes com mastocitose não estão apenas relacionados com a infiltração de órgãos, mas também resultam da libertação local ou sistémica de mediadores dos mastócitos. Sabendo que os mastócitos, basófilos e células T helper 2 (Th2) têm sido implicados na alergia, colocámos a hipótese de que os basófilos e as células Th2 poderiam também estar envolvidos nos episódios de libertação de mediadores frequentemente observados em doentes com mastocitose e, em pequena proporção, podem estar na corrente sanguínea em modo ativado e/ou reagir excessivamente a estímulos.
Métodos: O nosso objectivo foi quantificar e caracterizar, por citometria de fluxo, os basófilos (CD45+dim, CD123+bright, CD294/CRTH2+, CD3- e HLA-DR-), Th2 (CD3+, CD294/CRTH2+) e activados (CD3+ , populações de células T HLA-DR+) no sangue periférico de 19 doentes com mastocitose, bem como a capacidade dos basófilos do sangue periférico serem ativados, expressando assim CD63 e regulando negativamente a expressão de CD193/CCR3 na superfície celular, em resposta a diferentes estímulos (fMLP e anti-FcƨRI), em comparação com 19 indivíduos normais.
Resultados: Não encontrámos evidência de aumento da contagem de basófilos, células Th2 e células T activadas, nem de basófilos super-reactivos em resposta a fMLP e anti-FcƨRI, em doentes com mastocitose, em comparação com indivíduos normais.
Conclusões: Utilizando a presente metodologia, os nossos resultados argumentam contra um possível papel dos basófilos e das células Th2 nos episódios de libertação de mediadores observados em doentes com mastocitose.