Agnès Veyradier, Alain Stepanian e Paul Coppo
A púrpura trombocitopénica trombótica (TTP) é uma microangiopatia trombótica (TMA) cuja fisiopatologia depende principalmente de uma deficiência grave (adquirida ou herdada) de ADAMTS13, a protease específica do fator de von Willebrand (VWF). A PTT é caracterizada por uma predominância feminina e a gravidez é um fator precipitante para as botas de PTT. A PTT obstétrica representa pelo menos 20% de todas as PTT que ocorrem em mulheres em idade fértil.
Nesta revisão, uma análise da literatura de língua inglesa de 1955 a 2011 encontrou cerca de 350 casos de PTT obstétrica, incluindo cerca de 40 relatos/séries de casos com investigação bem documentada de ADAMTS13 (32 PTT herdada e 17 adquirida com deficiência grave de ADAMTS13 ). Nas 32 doentes com PTT hereditária, a primeira gravidez foi sistematicamente associada a uma inicialização da PTT, ocorrendo principalmente durante o terceiro trimestre; a terapia com plasma curativo (TP) permitiu um bom resultado materno, embora o resultado fetal tenha sido quase sistematicamente mau. Nas 17 doentes com PTT adquirida, a PTT também ocorreu principalmente de novo durante a primeira gravidez e após as 20 semanas de gestação; A TP curativa permitiu, de um modo geral, um bom resultado materno e o nascimento de um bebé vivo em cerca de 2 casos/3.
O diagnóstico de PTT obstétrica é desafiante porque ocorre principalmente em mulheres sem antecedentes de PTT e não apresenta sintomas clínicos/biológicos específicos, exceto uma ADAMTS gravemente deficiente13. Contudo, devido à gravidade do prognóstico na ausência de tratamento urgente, qualquer trombocitopenia +/- anemia hemolítica numa mulher grávida sem diagnóstico alternativo à MAT deve ser considerada como PTT.
A gestão de uma bota de TTP obstétrica consiste numa colheita de sangue para investigação de ADAMTS13 seguida de um tratamento de emergência de primeira linha com PT, produzindo uma taxa de resposta materna de cerca de 80%, embora a taxa global de nados-mortos seja provavelmente próxima de 50%.
O seguimento das mulheres que recuperaram de uma bota de PTT obstétrica deve incluir uma investigação completa da ADAMTS13 para distinguir entre a forma hereditária e a adquirida de PTT, de forma a estimar o risco de recidiva e otimizar a indicação de profilaxia durante as gravidezes subsequentes. A taxa de recaída parece ser de 100% na PTT herdada e de cerca de 20% na PTT adquirida. A TP profilática precoce está, portanto, sistematicamente indicada na PTT hereditária, uma vez que é claramente benéfica para os resultados da mãe e do feto. Em contrapartida, a gestão ideal é ainda debatida em gravidezes subsequentes de mulheres com PTT adquirida, cuja monitorização clínica e biológica deve ser muito cuidadosa.