Eliana Pivetta, Alfonso Colombatti e Paola Spessotto
As proteínas da Matriz Extracelular (MEC) constituem uma rede complexa de macromoléculas com propriedades físicas, bioquímicas e biomecânicas distintas. São expressos dinamicamente e as suas funções celulares são altamente dependentes de sinais do ambiente local. As proteínas da MEC, principalmente pela interação com as integrinas na superfície celular, iniciam eventos de sinalização a jusante que envolvem diversas funções celulares. Embora rigidamente controlada no desenvolvimento normal, a MEC é comummente desregulada e torna-se desorganizada em doenças como o cancro. A MEC anormal afeta a progressão do cancro, promovendo diretamente a transformação celular, a metástase e facilita a angiogénese e a inflamação associadas ao tumor, levando assim à geração de um microambiente tumorigénico. Nesta revisão, resumimos e discutimos o conhecimento atual dos diversos papéis promotores ou inibidores desempenhados por membros selecionados (colagénio, fibronectina, tenascina, trombospondina, LTBP-2, fibulina, CCN1, decorina, EMILIN2) da MEC dentro do microambiente que influencia a progressão tumoral com ênfase em EMILIN1. Esta glicoproteína, membro da superfamília do domínio gC1q, está envolvida na manutenção da pressão arterial, no bom funcionamento dos capilares linfáticos e dos vasos coletores e, através da interação com as integrinas α4β1 e/ou α9β1, regula a proliferação celular. Esta última função realça o papel peculiar do EMILIN1 como membro antiproliferativo da MEC e provavelmente um novo supressor tumoral.