Simone Correia Ternes, Leandro Eziquiel de Souza, Paula Lazara Cruz, Cristiano Teixeira Mostarda, Maria Cláudia Costa Irigoyen, Vitor Rossi de Almeida, André Luiz de Moura, Luciana Le Sueur Maluf, Daniela Ortolani, Daniel Araki Ribeiro, Isabel Cristina Céspedes e Regina Célia Espadari
A ingestão sistemática de uma dieta desequilibrada é um importante fator de risco para as doenças cardiovasculares, a principal causa de morte em todo o mundo. A maioria dos estudos aborda esta questão utilizando ratos geneticamente manipulados. Este estudo tem como objetivo investigar o efeito da ingestão de uma dieta rica em colesterol nos parâmetros cardíacos e hemodinâmicos em ratinhos selvagens conscientes. Vinte ratinhos C57BL/6 machos, com três meses de idade, foram distribuídos por dois grupos: (CTL) controlo, tendo os ratinhos recebido ração comercial padrão e o grupo (CHO) colesterol, tendo os ratinhos recebido uma dieta enriquecida em colesterol durante 15 dias. Foram implantados cateteres na artéria carótida e na veia jugular para registo da pressão arterial e frequência cardíaca e administração de medicamentos. Foram implantados elétrodos para registo do eletrocardiograma e análise espectral da variabilidade da frequência cardíaca. A glicose, o colesterol e os triglicéridos foram determinados em amostras de sangue e realizada a análise histopatológica da aorta. O colesterol e a glicose séricos, a pressão arterial média e a frequência cardíaca foram mais elevados nos ratinhos CHO do que nos ratinhos CTL. Os ratinhos CHO exibiram também uma predominância do tónus simpático sobre o parassimpático para o coração e uma maior responsividade ao efeito cronotrópico do isoproterenol. Os episódios arrítmicos, presentes apenas nos ratinhos CHO, foram cancelados pelo metoprolol e exacerbados pelo ICI118.551. Conclui-se que a ingestão de uma dieta rica em colesterol provoca hipertensão e irregularidades no ritmo cardíaco. Uma vez que estes efeitos são exacerbados pelo bloqueio do recetor β2-adrenérgico e atenuados pelo bloqueio do recetor β1-adrenérgico, os dados destacam um possível papel protetor antiarrítmico desempenhado pelo subtipo β2-AR.